60 ANOS DA RECONSTRUÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL
Essa história completa 60 anos, um período em que os judeus tiveram que conviver com guerras, perseguições, acusações e negações
NO DIA 29 de novembro, comemoram-se 60 anos da partilha da Palestina, ocorrida em 1947, em sessão da ONU, presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha. Há quem diga que a resolução da partilha é a certidão de nascimento do Estado de Israel. Já ouvimos falar também que aquela terra nunca foi judaica, o que não é verdade. Os judeus sempre estiveram presentes naqueles territórios, em maior ou menor número, mas sempre houve população judaica morando lá. Quando a ONU foi criada, em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, pouco depois de a barbárie nazista vitimar 6 milhões de judeus, a Palestina era um território administrado pela Inglaterra, sob a forma de mandato.
Entre as questões que tinham que ser tratadas, estava a de um Estado judeu na bíblica terra de Israel.
O crescimento da população judaica na Palestina durante a guerra encontrava forte objeção por parte da população árabe local. Conseqüentemente, a violência da qual os judeus sempre foram alvos só aumentou.
Diante disso e do questionamento de diferentes partes pela soberania, a Inglaterra decidiu, em fevereiro de 1947, trazer a questão à ONU.
O governo inglês pediu a realização imediata de uma sessão especial da Assembléia Geral, em que foi criado o Comitê Especial da ONU sobre a Palestina (Unscop, na sigla em inglês), composto por 11 Estados-membros.
Durante o curso de suas atividades, o comitê especial foi à Palestina, ao Líbano, à Síria e à Transjordânia e visitou também os campos de refugiados na Europa, que tinha sido devastada pela Segunda Guerra Mundial e vivido recentemente a tragédia dos judeus europeus durante o nazismo.
Enquanto as organizações judaicas cooperavam com o Unscop, a liderança palestina do Alto Comitê Árabe decidiu não participar. Após dois meses de intensos debates sob a presidência de Oswaldo Aranha, foi aprovada, em 29 de novembro de 1947, a resolução 181, que deliberou sobre o plano de partilha, conforme proposto pela maioria do comitê especial. Esse plano previa o fim do mandato e a retirada gradual das forças armadas britânicas, além da definição de fronteiras entre os dois Estados e da situação de Jerusalém. A Agência Judaica aceitou a resolução, apesar da sua insatisfação a respeito de questões como a imigração de judeus europeus e os limites territoriais propostos para o Estado judaico. O plano não foi aceito pela população árabe local nem pelos Estados vizinhos.
Em 14 de maio de 1948, a Inglaterra renunciou ao mandato sobre a Palestina e desligou suas forças. No mesmo dia, a Agência Judaica proclamava a criação do Estado de Israel com os limites territoriais estabelecidos no plano de partilha. Enquanto os judeus comemoravam nas ruas, tropas dos países árabes invadiram e atacaram o recém-nascido Estado judeu.
Essa história completa agora 60 anos, um período em que os judeus tiveram que conviver com mais guerras, perseguições, acusações e negações, como as que escutamos diariamente da voz do presidente do Irã. "Eretz Israel" (a terra de Israel) foi a terra natal do povo judeu. Lá tomou forma sua identidade espiritual, religiosa e política.
Foi em Israel que, pela primeira vez na época moderna, os judeus se reconstituíram como Estado, criaram valores culturais de significação nacional e universal e deram ao mundo o eterno "Livro dos Livros".
Os judeus se empenharam, de geração em geração, no ideal de se restabelecerem em sua antiga pátria. Fizeram florir os desertos, reviveram a língua hebraica, construíram cidades e povoados e criaram uma sociedade florescente, controlando sua própria economia e cultura, procurando a paz, mas sabendo como se defender.
Gostaria de parafrasear um trecho da Declaração de Independência do Estado de Israel, assinada pelos membros do Conselho Nacional, representantes judeus do país e do movimento sionista mundial. Ela inclui referências aos imperativos históricos do renascimento de Israel; as diretrizes de um Estado judeu democrático, baseado em liberdade, justiça e paz, conforme a visão dos profetas bíblicos; e um apelo por relações pacíficas com os Estados árabes para o benefício de toda a região.
"Estendemos nossa mão a todos os Estados vizinhos e a seus povos, numa oferta de paz e boa vizinhança, e lhes apelamos a estabelecer liames de cooperação e ajuda mútua com o povo soberano estabelecido em sua própria terra."
BORIS BER, 53, administrador de empresas, presidente da Asteca Corretora de Seguros, é presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo.