quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Judiarias de Portugal


TRAJES DOS JUDEUS RICOS - APANHA DO MANÁ NO DESERTO - ÉVORA

MODA JUDAICA USADA POR S. JOSE - ÓLEO SOBRE MADEIRA SEC.XVI

SINAGOGA SHAARE TIKVA - PARTE MARCADA NA FOTO FOI FEITA UM SELO.



Sinais dos judeus pela diáspora

Desde o começo de sua diáspora pelo mediterrâneo e após o imperador Tito (70 d.C.) ter conquistado Jerusalém , o povo judaico procurou agrupar-se numa rua específica em torno da sinagoga, a que se foram agregando várias outras ruas e travessas, dependendo do número de famílias que aí se fixaram. Chamaram de judiarias e o bairro dos judeus que cresceram por todo mundo mediterrâneo do Império Romano, e no decorrer dos séculos, entre a menor ou maior tolerância das autoridades civis e religiosas, por toda a cristandade.

Chegada a Península Ibérica

Foi durante o Império Romano que os judeus chegaram na Península Ibérica.
Durante o período visigoto e muçulmano, a minoria judaica residiu no território que viria a ser Portugal, onde está documentado para Coimbra, desde o sécula X.
Nessa época foram coagidos a viver segregados da maioria dominante, em espaços próprios. Nas cidades islâmicas, viviam mais na periferia, subúrbios, fechados as vezes por portas, ou muralhas, os quais permaneciam nas cidades portuguesas da Reconquista, como Lisboa ou Santarém.

A judiaria era definida uma rua, travessas e etc, como em Coimbra a judiaria velha, em Santarém por uma rua extensa que ia de Alcáçova até a porta de S. João de Alporão, delimitação da cerca moura - ou por várias ruas, como a judiaria velha de Lisboa.


A presença de judeus em território portugues remonta aos finais do Império romano. Mas é no século XV que as comunidades judaicas, se multiplicaram de forma considerável em Portugal.



Sinagoga Shaare Tikva

Foi possível devido a grande tolerância em matéria religiosa e de costumes, o aparecimento de excelentes oportunidade de negócios com a descobertas de novas terras, novos produtos e novas rotas marítimas, e mais ainda, ao êxodo maciço de judeus fugidos da Espanha, aonde avançava um clima de extrema viol~encia que culminaria com sua expulsão compulsiva.

Nesse período chegaram a viver em Portugal entre sessenta e setenta mil judeus, residindo em casas e ruas ou bairros - as judiarias - em geral, rodeados de comunidades cristãs.

O levantamento das judiarias medievais portuguesas foram feitas através de documentos suficientes fidedignos, mas nem sempre identificadas de forma rigorosa e credível.
Encontramos retratações com grande expressividade os modos de viver das comunidades da minoria judaica, suas relações com o poder local, as características de suas habitações, dos espaços de culto, escolas, hospitais, cemitérios, açougues e etc.

É extremamente importante conhecer os espaços ocupados pelas presenças judaica e muçulmanas em Portugal. Ambas fizeram parte de todo social português, durante séculos, e integram uma parcela da nossa identidade como povo.

Se a minoria islâmica partiu para a Espanha e Norte da África, na sua maioria após o édito de expulsão de D. Manuel, de 4 de Dezembro de 1496, a primeira foi forçada a permanecer batizada no reino, constituindo uma exceção rara aqueles que conseguiram partir, dentro do prazo definido pelo édito, sem abjurar o judaísmo.

A maioria seria batizada, tendo permanecido ou regressado ao cristianismo, ao local que sempre vivera, a antiga judiaria ou judiaria transformada, na maior parte dos casos em Rua Nova ou Vila Nova.



O chapéu do sacerdote e a coifa pontiaguda à moda judaica usada por S. José.
Pintura a óleo, sobre madeira, século XVI, retratando uma circuncisão.



O conhecimento dos espaços habitados por uma e por outra, as judiarias e as mourarias, são importantes hoje em dia para o desenvolvimento local por via do turismo. Como notamos o interesse recente de certas autarquias em ressucitarem esses lugares, observando intensa fidelidade histórica e alguma imaginação, como exemplo a Sinagoga do Sabugal, identificada como tal por causa da Cantareira existente no interior da casa que alguém associou ao tabernáculo, o E’hal, onde se depositava o rolo da Torah, conjugada com a cruz do Calvário numa das pedras exteriores da ombreira da porta da rua.



Trajes dos judeus ricos.
Apanha do Maná no Deserto. Évora.

Referência: As judiarias de Portugal - Autora Maria José Ferro tavares
Edição - Clube do Colecionador dos Correiors.

Um comentário:

Ripp disse...

Sensacional. Adoro história e amo gastronomia. Quando as duas coisas andam juntas, eu tenho um orgasmo, hehe !!!

Beijo Eliana.